Ser respeitado enquanto minoria não é impor caprichos, é entender limites




O que exponho a seguir é o pano de fundo da minha infância, em Ilhéus/BA, que me credencia a não admitir qualquer indivíduo, com quaisquer justificativas sejam elas "artísticas" ou "religiosas", impondo-me suas certezas sobre o que é "tolerância ou intolerância" religiosa, respeito à liberdade de expressão e/ou crença.  São fatos que não me tornam melhor ou superior a ninguém, mas que resultam numa postura de não me intimidar diante de minorias ruidosas. Gente que quer respeito, mas não o oferece. Gritam por direitos, mas exigem privilégios. Alegam defender igualdade, mas buscam mesmo vantagens.

O que descrevo, vivi entre os anos de 1985 a 1989. Quando a população evangélica era proporcionalmente muito menor do que atualmente. Ou seja, religiosamente, éramos MINORIA. E, mesmo assim, não estávamos com dedo em riste afrontando a ninguém.
Fiz o meu ensino fundamental ouvindo a "Ave Maria" e orando o "Pai Nosso", antes do início das aulas todos os dias. Estudei da pré-escola à quarta série, ou seja, cinco anos, num ambiente marcado pela influência do catolicismo romano posto que o instituto responsável pelas escolas pública e privada do complexo traz o nome de "Nossa Senhora da Piedade". Minha unidade escolar era (e é) Santa Ângela.
Frequentei a capela do Instituto que integra um convento (vide foto). Ou seja, o filho de um PROTESTANTE estava, com regularidade, em santuário católico (um dos mais belos que conheço inclusive).
No horário do "recreio", como era mais recorrentemente chamado o intervalo, eu tinha a presença de uma imponente e severa Madre Superiora que, por razões dos seus votos, jamais poderia deixar o hábito de lado. Quem era esta digna senhora conhecida como madre Maria Clara? Nada mais, nada menos que a diretora da instituição.

No que isso me agrediu? Absolutamente nada! No que feriu a confissão de fé da minha família que já era protestante antes de eu nascer? De novo, em nada.
Muito pelo contrário. Só me enriqueceu, fortaleceu, fez crescer como cidadão, ser humano. Afinal, nas reuniões de pais e mestres, o que eu via na mesa de honra era a Madre, nossa diretora, fazendo questão de ter ao lado um líder evangélico que era, por acaso, meu pai. Que, convém lembrar, tinha de se pronunciar sempre, por EXIGÊNCIA da madre Maria Clara. Aplicava-se ali, o "manda quem pode, obedece quem tem juízo".
Tudo sempre com respeito e afeto mútuos que transcendia quaisquer divergências teológicas que estavam presentes e continuam até os dias de hoje. Nada, porém, que fizesse meus pais determinarem que eu não podia ficar na sala de aula no momento de orar a "Ave Maria" ou que teria de ficar fora de qualquer evento realizado na capela do convento. Ser respeitado como minoria, está muito longe do que querem fazer parecer verdade atualmente.

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